ATA DA QÜINQUAGÉSIMA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 10.12.1998.

 


Aos dez dias do mês de dezembro do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e quarenta e cinco minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Padre Arthur Rocha Morsch, nos termos do Projeto de Lei do Legislativo nº 58/98 (Processo nº 1346/98), de autoria do Vereador Pedro Américo Leal. Compuseram a MESA: o Vereador Reginaldo Pujol, 3º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; o Senhor Andreas Sydow, representante do Prefeito Municipal de Porto Alegre e da Secretaria Municipal de Cultura; o Padre João Oscar Nedel, Reitor da Comunidade de São José; o Senhor Tito Montenegro Barbosa, Presidente do Instituto de Desenvolvimento Cultural de Porto Alegre; o Senhor José Sperb Sanseverino, Provedor da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre; o Padre Arthur Rocha Morsch, Homenageado; o Vereador Pedro Américo Leal, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem à execução do Hino Nacional e, após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Pedro Américo Leal, em nome das Bancadas do PT, PDT, PMDB e PSB, historiou acerca da vida do Padre Arthur Rocha Morsch, comentando a importância do trabalho por ele realizado e declarando que o Homenageado, através de suas obras, serviu de orientador e viabilizou uma vida melhor para a comunidade porto-alegrense. O Vereador João Carlos Nedel, em nome das Bancadas do PPB e do PFL, parabenizou o Padre Arthur Rocha Morsch pela sua luta em prol da dignidade humana, afirmando que o Homenageado é um instrumento para revelar as graças de Deus. Também, registrou o transcurso, hoje, do Dia de Nossa Senhora de Loretto e do Dia Internacional dos Direitos Humanos. Na ocasião, o Senhor Presidente procedeu a leitura de correspondências alusivas à solenidade, enviadas pelo Senhor Arnaldo Niskier; pelo Padre Jesus Hortal Sanchez, Reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; pelo Desembargador Paulo Barbosa Lessa; e pelo Senhor Berfram Rosado, Presidente da Companhia Riograndense de Saneamento - CORSAN. Ainda, registrou a presença do Professor Fernando Afonso Gay da Fonseca. A seguir, o Senhor Presidente convidou os Vereadores Pedro Américo Leal e João Carlos Nedel a procederem à entrega do Diploma e da Medalha referentes ao Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Padre Arthur Rocha Morsch, e, após, concedeu a palavra ao Homenageado, que agradeceu o Título recebido. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem à execução do Hino Rio-Grandense, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e quarenta e seis minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Reginaldo Pujol e secretariados pelo Vereador Pedro Américo Leal, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Pedro Américo Leal, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear o Padre Arthur Rocha Morsch, nos termos do PLL nº 058/98, de autoria do Ver. Pedro Américo Leal.

Convidamos para compor a Mesa: Sr. Andreas Sydow, representante do Prefeito Municipal e da Secretaria Municipal de Cultura; Padre Arthur Rocha Morsch, homenageado; Padre João Oscar Nedel, Reitor da Comunidade de São José; Sr. Tito Montenegro Barbosa, Presidente do Instituto de Desenvolvimento Cultural de Porto Alegre; Sr. José Sperb Sanseverino, Provedor da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

O Ver. Pedro Américo Leal, como proponente, falará em nome das Bancadas do PT, do PDT, do PMDB, do PSB.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Esta é uma cerimônia que pela natureza do homenageado e até pelo do orador deve ser breve e lacônica.

Padre Arthur Rocha Morsch - S.J., esse S.J. sempre me intrigou. Por que esse S.J.? Porque ele nos avisa tratar-se de um Jesuíta, um soldado de Cristo, o homem da Companhia de Jesus. Lendo o seu vasto currículo, destaco a sua condição de Médico, formado com 24 anos, surpreendo figuras de amigos comuns que cruzaram por mim e pelo Padre Morsch no roteiro de sua vida. Encontro ali meu grande e inesquecível amigo, Francisco Carrion, - que já se foi -, Presidente da Congregação Mariana dos Acadêmicos que, como assistente, tinha o legendário Padre Werner, bandeira do Rio Grande, verdadeiro orientador na trilha jesuítica deste homenageado. Este homem, Padre Loebmann, a quem substituiu como assistente dessa congregação; o Prof. Cirne Lima e, ao seu lado, as semanas sociais do Instituto Social Cristão de Reforma de Estruturas - ISCRE, que hoje se transformou em Instituto de Desenvolvimento Cultural. Está exuberante, já tem sede nova. Eu não tenho mais como identificar esse Instituto, me perdi no tempo.

Observem os relacionamentos deste homem religioso! Vamos, então, entender a presença do Gay da Fonseca, aquele famoso cirurgião gaúcho que, nas missas da Igreja de São Manoel, ali, como simples distribuidor de folhetins, por vezes ajudando como Ministro da Eucaristia, quando eu entro para assistir a missa de domingo na Igreja São Manoel. O Dr. Ivo Kuhl, que doou o terreno para o Padre Morsch, no qual foi levantada essa obra de pensamento católico sobre Direito, Moral e Ética da Igreja.

E como se acendeu essa luz no espírito do médico Morsch com 24 anos, já formado? Ele alçou os olhos para o infinito - suponho eu - e buscou uma razão na sua vida. “O que é que eu vou fazer da minha vida?” Essa é a grande pergunta da criatura humana. Como alguém também perguntará a nós: “O que você fez na sua vida?” Nós vamos ter que responder. É uma pergunta terrível! Ele a respondeu com 24 anos e buscou uma jornada de vida! Foi o Pe. Werner que o orientou quando a sombra da mão de Deus - “sombra” eu não posso dizer “terrível”, mas que expressão eu vou usar? Só “sombra” - espalmada, abrangente, inexorável, estendeu-se sobre a sua pessoa. “Eu quero esse homem”.

Uma vez tomado o rumo, abandonada a Medicina, devorado pela fome religiosa, nove anos ele andou peregrinando pelo mundo para ser um jesuíta. Nove anos! A Medicina e mais nove anos! Vejam a formação de um jesuíta! Foi a Europa, voltou ao Rio Grande e foi - eu coloquei assim - “classificado”, porque V. Ex.ª é um militar, V. Ex.ª é um homem da Companhia de Jesus. Então, foi “classificado” no Colégio Anchieta, onde se dedicou, e se dedica, à orientação da juventude.

Vejo, nesse desfile, Irmão José Otão, Sanseverino, Hensel, Pe. Nunes, Ecilda, Hugo Di Primio Paz, Clóvis Stenzel e inúmeros amigos presentes nessa caminhada de que eu também participei, modestamente.

Eu fico pensando, prezado amigo, hoje distinguido: como são indecifráveis os destinos do Senhor! Quando toda uma vida com formação dedicada pode ser entendida diante do enigma da cruz. Eu não sou entendido em religião, sou um autodidata, sou um rábula, ando bebericando, mas me atrevo a fazer um raciocínio, um pensamento, e vejam qual é: “O enigma da cruz”. Quando Ele, em segundos, vira-se para um ladrão confesso, arrependido sim, com uma grande carga de arrependimento, mas com uma grande fé, cheio de fé, afirma, em segundos, se durou segundos, foi muito: “Daqui a minutos transporá as portas do paraíso comigo”. E ficamos perguntando se Dimas, o ladrão arrependido, conquistou, só pela fé instantânea, trasbordante e foi interpretado por Cristo, como digno de levá-lo e fazê-lo santo, em segundos, nessa conversa relâmpago, o que dizermos do outro ladrão, aquele que perdeu a grande oportunidade, que a História, sequer, registra o seu nome. E, matutamos: quantos de nós levamos a vida esbanjando oportunidades. Eis aí Padre Arthur da Rocha Morsch o seu trabalho, como jesuíta e digno cristão, pois sempre viabilizar e orientar oportunidades. Que beleza é o seu trabalho. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Eu tenho a satisfação de informar a esta seleta platéia que prestigia esta Casa nesta solenidade, que inúmeras personalidades, amigos pessoais do Padre Arthur Rocha Morsch, impossibilitados de comparecer a esta solenidade, se dignaram a endereçar ao Presidente do Legislativo de Porto Alegre algumas mensagens, entre as quais destaquei uma oriunda do Rio de Janeiro, em que Arnaldo Niskier, felicita o Ilustre Presidente pela justa homenagem ao educador Padre Arthur Rocha Morsch.

Recebemos do Magnífico Reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, o Padre Jesus Hortal Sanchez, uma correspondência que diz o seguinte: “Impossibilitado de comparecer à justa homenagem desta Câmara ao Padre Arthur Rocha Morsch, congratulo-me com esse Órgão pela meritória iniciativa”.

Recebemos outras mensagens que, oportunamente, informaremos à Casa e, especialmente, ao nosso homenageado a quem entrego essas duas mensagens.

O Ver. Pedro Américo Leal, proponente desta homenagem, falou que esta solenidade deveria ser concisa, conforme a característica do homenageante e do homenageado, pois ela se realiza em um momento muito especial nesta Casa. O Dr. José Sperb Sanseverino, parlamentar emérito, compreende que os finais de período legislativo são muito complexos, determinando que as atividades parlamentares se sobreponham neste momento.

Devido às circunstâncias eu tenho o privilégio de estar presidindo os trabalhos desta Sessão Solene, marcante para o Legislativo de Porto Alegre. Sessão em que, além da homenagem que prestamos ao Padre Arthur Rocha Morsch, somos homenageados com a presença de figuras singulares da sociedade porto-alegrense, entre as quais permito-me destacar, porque nutro por ele uma profunda admiração, sendo ele, para mim, um exemplo, trata-se de meu ex-professor e meu mentor ideológico, Dr. Fernando Afonso Gay da Fonseca, cuja presença eu, particularmente, proclamo e agradeço.

Deveríamos, como decorrência desta Sessão, ouvir outros oradores, porém o Presidente da Casa solicita ao ilustre Ver. João Carlos Nedel - que é uma das maiores revelações desse novo período legislativo - que já havia manifestado o propósito de falar em nome da sua representação partidária - o PPB - que o faça também em nome da Casa. Eu estava inscrito para essa manifestação, rogo-lhe a fineza de também se manifestar em nome do PFL.

O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra, em nome da nossa Câmara e das Bancadas do PPB e do PFL.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Realmente, é de uma extrema responsabilidade falar em nome da Casa e da Bancada do PFL, indicado pelo Ver. Reginaldo Pujol e, ainda, pela minha Bancada, o Partido Progressista Brasileiro.

Mas, hoje, 10 de dezembro, é dia de Nossa Senhora de Loretto e Dia Internacional dos Direitos Humanos. Ora, Padre Morsch, justamente neste dia, o ilustre, meu colega de Bancada, Ver. Pedro Américo Leal escolheu para homenageá-lo. Justamente, hoje, dia de Nossa Senhora, a quem Padre Morsch dedica praticamente a sua vida de congregado Mariano em homenagem a Nossa Senhora Mãe de Deus. E essa homenagem é concedida a quem, justamente, se propôs em toda a sua vida, a lutar pelos direitos humanos e, principalmente, basicamente, pelo direito fundamental à vida, pela dignidade dos filhos de Deus. Nesta luta o Padre Morsch atua e venceu. Parabéns! Eu sei, Padre Morsch, que a batalha continua, e mais forte ainda. Peço que Deus lhe dê muitos e muitos anos para enfrentar esta luta e para vencer esta batalha pela dignidade de filhos de Deus.

Foi uma data especial, Ver. Pedro Américo Leal, Dia de Nossa Senhora de Loretto, a quem Padre Morsch se dedica, e Dia Internacional dos Direitos, da dignidade,  do homem.

Eu estava, por casualidade, revendo um hino que nós cantamos, há duas semanas, no Dia Nacional de Ação de Graças. E digo mais, hoje deveria ser o Dia Nacional de Ação de Graças, porque, hoje, estamos dando graças a esta vida, pela vida do Padre Morsch, dedicada para o bem da sociedade. Aí, vejo este hino “Graças Dou Por Essa Vida” que diz: “Graças dou pelo bem que revelou”.

Falar em Padre Morsch é sinônimo de bem, esse bem que ele revelou em sua vida quando foi um dos fundadores do Instituto Social Cristão de Reformas de Estruturas - ISCRE, hoje, com a nova denominação de Instituto de Desenvolvimento Cultural que tanto bem tem prestado à comunidade, à sociedade, nos seus cursos sobre o pensamento social cristão. É necessário que essa doutrina social cristã seja divulgada, porque nós, Padre Morsch, temos a opção certa, a via certa, o caminho certo. Por que, às vezes, o mundo se afasta desse caminho? Por que temos essas dificuldades que acontecem e que o Prof. Fernando Gay da Fonseca tanto defende e defendeu em toda a sua vida parlamentar? Há os cursos de História da Filosofia e 11 cursos de especialização em Direito e edita, ainda, a Revista “Cultura e Fé” e alguns membros do seu conselho editorial estão aqui presentes. Quanta cultura e quanta fé nos transmitem! É um trabalho de evangelização, é um trabalho do cumprimento da missão que Deus nos dá: evangelizar pela palavra ou pela escrita e, principalmente, pelo exemplo, exemplo que - hoje estamos lembrando - o Padre Morsch nos dá e nos deu durante toda a sua vida. Lembro aquela outra frase, do hino, que diz: “Graças dou pelo futuro.”

Eu estava conversando com um Sacerdote poucos minutos antes das 17 horas e perguntava a ele mais sobre o Padre Morsch. O Sacerdote me disse que o Padre Morsch é um homem voltado para o futuro. O Padre Morsch soube, na sua vida, concretizar esse futuro melhorando, formando, estruturando pessoas para melhorar o seu futuro e o da humanidade. Por isso devemos dar graças.

Diz ainda mais o Hino: “Graças dou pelas bênçãos derramadas”, pelas bênçãos derramadas durante a sua longa vida sacerdotal. Quantas bênçãos o senhor intermediou! Deus Nosso Senhor Jesus Cristo usa o Padre Morsch para ser o intermediário de suas bênçãos, para ser a revelação das suas bênçãos. Quantos sacramentos ministrados!

Há pouco nós estávamos ouvindo a “Marcha Nupcial”. Quantos casamentos, quantas famílias o senhor abençoou em nome de Deus! Quanta felicidade gerou!

É por isso que vejo o Ver. Pedro Américo emocionado. É de fato para se emocionar, Ver. Pedro Américo, porque V. Ex.ª escolheu um homem para homenagear dos mais abençoados, filho dileto de Deus! Que Deus chamou e disse: “Vinde, ajudai-me a concretizar a minha missão. Evangelizai o mundo. Derramai as minhas bênçãos por toda a humanidade!” Quantos batizados, quantas pessoas o senhor fez ingressar na grande família de Deus, dando oportunidade para um caminhar nesta vida para chegar à salvação eterna!

Também temos que dar graças pela dor, pela aflição que o senhor soube minorar, soube confortar e soube aliviar. Foi companheiro e é companheiro de todas as horas. Em quantas - cada um de nós podemos refletir - oportunidades Padre Morsch esteve conosco? Ele não se cansa. Na Associação dos Médicos Católicos, lá está ele, ajudando, contribuindo, levando o Evangelho à Medicina. Que beleza, um médico cristão, ainda mais, um Médico-Sacerdote.

Pelas graças reveladas! Já falei que Deus está usando o Padre Morsch para revelar as suas graças. Nós podemos sintetizar a vida do Padre Morsch é uma grande graça de Deus, para nós. Ele veio, realmente, nos dar o Padre Morsch como uma graça. Que beleza o amor de Deus! Pelo perdão. Graças dou pelo perdão.

Quantas vezes o Padre Morsch, em nome de Deus, ministrou o sacramento da reconciliação?! Quantas pessoas que fez renascer para o amor de Deus!?

“Graças dou pelo amor sem medidas”, me disse esse Sacerdote há pouco. Veja, Pedro Américo, o que uma pessoa pode dizer de uma outra pessoa.  Tudo o que se disser de bem do Padre Morsch não se exagera nunca. Que conceito! Tudo o que se disser de bem do Padre Morsch não há perigo de exagero, é uma realidade, é uma graça, é uma bênção! Pela paz no coração. A homenagem que a Câmara presta, hoje, por intermédio do Ver. Pedro Américo Leal, em nome de toda a comunidade de Porto Alegre, realmente nos traz paz no coração e uma alegria em cada um de nós pelo reconhecimento de toda a população de Porto Alegre que aqui os Vereadores representam em 100%. Pela lágrima vertida. Certamente houve lágrimas, também as lágrimas de emoção que muitos, aqui, estão sentindo neste momento, por essas lágrimas emocionadas devemos agradecer a Deus. E, finalmente, pelo dom da eterna vida que, pelas graças de Nosso Senhor Jesus Cristo, nos permite alcançar a eterna felicidade conforme suas promessas de salvação.

Por isso, em nome da Bancada do Partido Progressista Brasileiro, que componho nesta Casa, na companhia do Ver. João Antonio Dib, do Vereador proponente, Ver. Pedro Américo Leal, em nome do Ver. Reginaldo Pujol, do Partido da Frente Liberal e também em nome desta Casa, a Câmara, podemos dizer o quanto nos sentimos honrados em homenagear essa figura humana espetacular, homem esperançoso, homem de equipe, homem idealista, de visão social e homem de grandes projetos. Querido Padre Morsch, parabéns e tenho a certeza de que o senhor está melhorando esse mundo de Deus. Parabéns! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa o recebimento de mensagens dirigidas ao Padre Arthur Rocha Morsch, da parte do Desembargador Paulo Barbosa Lessa, que, impossibilitado de comparecer, procura, através desta Mesa Diretora, associar-se à homenagem, e também do Deputado Berfram Rosado, Presidente da CORSAN, que diz: “É gratificante saber que a comunidade de Porto Alegre o reconhece como seu Cidadão. Parabéns por mais esta conquista”.

Convidamos o Ver. Pedro Américo Leal, proponente da homenagem, para, juntamente com o representante do Sr. Prefeito Municipal, Sr. Andreas Sydow, fazer a entrega do Diploma e da Medalha de Cidadão de Porto Alegre ao Padre Arthur Rocha Morsch.

 

(É feita a entrega do Diploma e da Medalha de Cidadão de Porto Alegre ao Padre Arthur Rocha Morsch.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: O mais novo Cidadão de Porto Alegre está com a palavra.

 

O SR. ARTHUR ROCHA MORSCH: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) (Lê.)

“Este momento e esta oportunidade fazem que, hoje, porto-alegrense se volte para a sua infância e adolescência, passada, a primeira, na velha Passo Fundo e a segunda, em boa parte, na cidade de Santa Maria, onde buscou a obtenção do diploma do curso ginasial no Colégio dos Irmãos Maristas, então Ginásio Santa Maria, que tinha na sua direção a figura exemplar do Irmão Afonso, fundamento e alicerce da hoje Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Concluídos os preparatórios, o quinto dos dez filhos de Ernesto Schell Morsch e Lucinda D’Oliveira Rocha, embarcava de trem para Porto Alegre, disposto a obter sua titulação em Medicina. Porto Alegre era o desafio, era o desconhecido. Mas o temor de enfrentar a cidade maior era menor que a ambição e a aspiração de ver concretizado um sonho acalentado na esperança de servir ao próximo. Trazia no pensamento o desejo de conquistar seu espaço e no coração o sentido de fraternidade e de justiça. Nas suas veias se misturavam o sangue do neto do imigrante com o de pêlo duro.

Porto Alegre que, primeiro, se apresentava estranha e desafiadora, aos poucos o foi envolvendo, marcando-o com as características próprias de uma Capital de Estado, centro cultural e educacional. Ingressando na Faculdade de Medicina, começou a viver a vida acadêmica, relacionando-se com os colegas e participando intensamente da vida universitária.

Tendo sido acolhido na denominada Pensão do Padre Werner, iniciativa da Congregação Mariana dos Acadêmicos e dirigida pelo mesmo sacerdote, passa a conviver com expressões da mocidade católica de então, onde destacavam-se figuras como Francisco Machado Carrion,  Carlos de Britto Velho, Paulo de Barros Ferlini, Eloy José da Rocha, Ruy Cirne Lima, Alvaro Magalhães, Ernani Fiori, entre outros. A figura do Padre Werner von und zur Mühlen marca a cada um e a todos, orientando-os nos seus estudos, visando a tornarem-se eminentes na profissão para serem, assim, testemunhas do Evangelho no meio em que viessem a atuar. As conferências do Padre Werner, os retiros do mesmo promovidos e realizados, foram tocando o jovem estudante de Medicina, que tomou consciência de que as maiores dores sentidas não eram as do corpo, mas as da alma, as feridas mais profundas não eram as tratadas a não ser pela graça. Essas reflexões abalavam as suas primeiras opções e apontavam um novo horizonte, um novo chamamento.

Porto Alegre, cenário da velha Faculdade de Medicina, dos tempos do Sarmento Leite, já se incorporara à sua vida e ao seu dia-a-dia. Suas ruas já eram palmilhadas por quem as conhecia, tanto as da área central como dos seus arrabaldes. Nos dias de trabalho, o roteiro rotineiro; e nos fins de semana a busca da renovação nos arrabaldes então distantes e, hoje, tão próximos. O tempo passava, o diploma se aproximava. À prática para o exercício profissional se dedicou integralmente, e a diplomação chegou célere, marcada esta por solenidade expressiva, pois coincidia com a data comemorativa do Centenário Farroupilha, 1935.

O exercício da profissão, por algum tempo, mostrou-lhe que sua vocação tinha um sentido mais profundo. Queria ser médico do homem integral, corpo e alma. Reflete, medita e decide: seu caminho era o sacerdócio. Opta pela Ordem fundada por Inácio de Loyola. Mesmo sem a concordância paterna, que não só não anuíra com a sua decisão mas a ela se opunha, ingressou no Noviciado da Companhia de Jesus, juntamente com jovens bem mais jovens, mas nem por isto com um ideal mais forte e mais vivo.

Deus quis provar o noviço com a saudade da família e seu silêncio, saudade e silêncio somente rompidos após quase oito anos quando o reencontro com o pai se deu no prédio que fora do Ginásio Conceição, onde ele estudara de 1889 a 1892 e que, na ocasião do reencontro, era a sede do Seminário Maior.

Feita a Filosofia, a Teologia e o Magistério, é enviado à Bélgica para fazer a Terceira Provação. Mas antes de iniciar essa última fase de sua formação, seus superiores determinam que visite, no Continente Europeu, vários países, a fim de conhecer o trabalho realizado pelos jesuítas junto aos universitários e graduados em cursos superiores. Nessa ocasião, visitou Espanha, Portugal, França, Suíça, Itália. Retorna ao Brasil sendo destinado novamente a residir em Porto alegre, no velho Colégio Anchieta, atuando junto aos alunos finalistas do segundo grau. Parece que Porto alegre exercia uma atração especial, hoje cumprindo quase 50 anos em que permanece envolvido pela metrópole que viu crescer e emaranhar-se em mil e um problemas, explodindo sua população, mas continuando sempre a mesma: acolhedora, alegre e cheia de vitalidade.

Esses últimos cinqüenta anos foram dedicados a preparar lideranças que ajudassem o Estado e a Cidade a se tornarem uma realidade social, política e econômica, onde o homem, como pessoa humana se realize. Para tanto, junto com elementos da Congregação Mariana dos Formados, que dirigia desde 1958, fundou, em 1962, o Instituto de Desenvolvimento Cultural - IDC -, então sob o nome de ISCRE, oferecendo, através das Semanas Sociais, inspiradas pelo Prof. Ruy Cirne Lima, a oportunidade de diagnóstico dos problemas do Rio Grande do Sul, em seus aspectos de infra-estruturas materiais, de industrialização, estrutura agrária e desenvolvimento urbano.

Tais eventos foram desenvolvidos entre os anos de 1967 e 1971. A par disso, programas de televisão, Tele-Universidade buscavam levar formação e conscientização sobre os problemas acima aventados. A Revista Cultura e Fé, com mais de 20 anos de circulação, é um permanente colaborar com a formação da nossa gente.

Cremos que, na síntese feita, demonstramos ter retribuindo a Porto Alegre, e continuar retribuindo tudo que ela lhe deu em acolhimento, formação e colaboração.

Esta história, contada na terceira pessoa, é em resumo a minha história que ofereço à Cidade que sempre tive como minha e que hoje me proclama como seu. À Câmara de Vereadores e, em especial ao amigo Ver. Pedro Américo Leal, o meu agradecimento. Esta homenagem eu a recebo para depositá-la aos pés da Mãe de Deus, padroeira desta Cidade e Mãe do meu sacerdócio, e Rainha da Companhia de Jesus. Muito obrigado.”

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de finalizarmos esta Sessão Solene, convidamos a todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-Grandense.

 

(Executa-se o Hino Rio-Grandense.)

 

Permitam-me, em nome da Câmara Municipal de Porto de Alegre, reconhecer e agradecer a presença de todos que fizeram desta Sessão Solene um ato marcante da vida da Cidade, especialmente porque traduz justiça a este grande evangelizador,  Padre  Arthur Rocha Morsch, que é o nosso homenageado de hoje.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h46min.)

 

* * * * *